Autoestima, meu amor!
“Ele disse que eu era uma chata. Demasiado intensa e controladora. Fiquei perplexa. Num primeiro momento não aceitei. No entanto, a minha vontade de que ele gostasse de mim era tanta, que dei por mim a fazer um “scan” à minha memória para encontrar justificações concordantes com o que ele me estava a dizer.
Respondi em conformidade e quase que agradeci, só para não sentir rejeição.
No fundo, esta era a programação que operava em mim. Era assim que eu me via, por isso, ele não me estava a dar nenhuma novidade”.
“Após o divórcio dos meus pais, tivemos que mudar de casa. Fomos viver com a minha mãe. Nos últimos acabamentos lá em casa, faltava pendurar uns quadros e pintar uma pequena estante. Pedi forçosamente para ajudar. Adorava participar nesta actividades, mas ninguém percebia bem. A minha mãe dizia. Agora não dá. Tenho os minutos contados para ir trabalhar, por isso tem que ser muito rápido. Tu não sabes fazer, além de que és um desajeitado e é melhor nem perder tempo com isso. O teu pai é igual. No mínimo vais fazer um lenho na parede. Esquece”
Sabemos que qualquer meta alcançada, qualquer realização é antes de mais iniciada no nosso pensamento, imaginando a meta e a realização.
“Se você pode sonhar, você pode fazer, ensinou-nos, astutamente Walt Disney (1901-1966).
Segundo Albert Bandura, psicólogo canadense, a autoeficácia é a crença que o indivíduo tem sobre a sua capacidade de realizar com sucesso determinada actividade.
Autoestima
Quanto mais alguém tem uma auto-avaliação positiva nessa área, maior a sua segurança e autoconfiança, pois acredita de que é capaz de realização. O contrário também se aplica, duvidar da sua capacidade de realizar ou conseguir algo, influência negativamente a sua autoconfiança.
Ou seja, se imagino de forma positiva, alimento a minha fé na crença positiva. Se imagino de forma negativa, alimento a minha fé na crença negativa.
Repare, a lógica é exactamente a mesma. O que importa é a informação que gravo na minha mente inconsciente e a forma como vou acreditando nela, e a repito inúmeras vezes para mim, sem filtro algum.
Quando um adulto diz à criança que ela não é capaz, nem nunca o vai ser porque é desajeitada, tal como o pai, mesmo que seja na brincadeira, essa informação, fica gravada com emoção, na mente inconsciente. Quando repetida, e reforçada, torna-se realidade e constitui uma programação mental ao nível das profundezas da mente.
Autoconfiança é fruto do seu autoconceito, ou seja, é a ideia ou imagem que temos de nós mesmos. Se você tem um bom autoconceito de si mesmo, sua autoconfiança é boa. Se tem uma auto imagem negativa, a sua autoconfiança já não é tão boa. Podemos dizer que é o que torna o nosso “filtro” emocional mais ou menos resistente.
Este reflexo interior é formado e condicionado pelos vários papéis que vamos desempenhando na nossa história de vida. Pelas nossas metas e objectivos, a nossa personalidade, atitudes, ideologias, etc. Entenda-se também que esta ideia de nós mesmos é dinâmica, o que quer dizer que varia com o tempo, sendo sensível à mudança.
A autoestima deriva dos processos de avaliação que o indivíduo faz das suas qualidades, desempenhos ou virtudes. É a forma como nos sentimos a nosso respeito. Ocupa, por isso, um lugar proeminente na compreensão e na explicação dos transtornos emocionais.
A autoestima é um dos pilares do nosso funcionamento vital. Há quem diga que é o esqueleto do nosso “eu”. O motor que nos impulsiona para nos sentirmos bem ou mal.
Embora o conceito de amor próprio possa parecer simples, tem uma importância bastante maior do que daquilo que se imagina. É impossível ser-se feliz quando não nos amamos e, consequentemente, não nos aceitamos.
O autoconceito desempenha, assim, um papel significativo em diversos contextos, particularmente na prática clínica. Encontra-se intimamente relacionado não só com outros conceitos psicológicos relevantes, como com numerosos fenómenos de natureza da psicopatologia.
Conhecermo-nos a nós mesmos ajuda-nos a tomar decisões com maior clareza, a pensar de forma mais confiante e a saber o que devemos fazer em cada situação.
A consciência da nossa identidade torna a nossa vida mais simples e facilita os nossos relacionamentos interpessoais e intergrupais.
Estas auto-avaliações cognitivas influenciam todo o tipo de experiência humana, tanto as metas e objectivos que pelos quais as pessoas se movem e empenham, a quantidade de energia que gastam no caminho da concretização dos mesmos objectivos e a probabilidade de atingir níveis específicos de desempenho comportamental. Ao contrário dos construtos psicológicos tradicionais, a investigação diz-nos que as crenças de auto eficácia variam de acordo com o domínio do funcionamento e as circunstâncias que cercam a ocorrência do comportamento.
Benefícios de uma boa autoestima
Uma pessoa com boa auto estima tem confiança nas suas escolhas, nas actividades que desempenha e desafios a que se predispõe. Desta forma, limita o espaço para a ansiedade e as frustrações.
Estabelece, naturalmente boas relações pessoais, utilizando todo o seu potencial e a sua capacidade. Assim, além de aumentar a sua flexibilidade e autoconfiança, aumenta também a produtividade profissional e conquista paz interior.
Ter boa autoestima garante que o indivíduo se sinta apto a cuidar de si e das suas necessidades, de se arriscar a sair da zona de conforto e a entrar em campos desconhecidos de actuação.
Este perfil dificilmente se sente inibido, inseguro ou coagido, podendo estabelecer relacionamentos sem necessidade de projecção de sentimentos destrutivos.
A falta de auto estima e a sua relação com alguns distúrbios
Uma baixa autoestima pode criar sentimentos intensos de inferioridade, insegurança, e incapacidade, gerando até mesmo transtornos como depressão, ansiedade e síndrome do pânico.
Pessoas ansiosas tendem a não acreditar nas suas próprias capacidades, e duvidam da sua capacidade de enfrentar as adversidades.
O relacionamento com dificuldades na relação com a auto-imagem e o corpo, a sensação de falta de controlo pode originar um quadro de transtornos alimentares e ansiosos.
No transtorno alimentar, especificamente na anorexia as pessoas acreditam que teriam muito mais valor se a sua aparência física estivesse de acordo com o ideal irrealista estabelecido pela sociedade actual.
Assim, desqualificam-se e não se conseguem amar, enquanto o seu aspecto físico não se enquadrar nos seus parâmetros.
O dependente emocional, inconscientemente, funciona segundo um programa automático e o seu pensamento vai no sentido de se deformar, aceitando determinados comportamentos desalinhados com os seus valores, que sem esta base ansiogénica, não seriam tolerados. Quando eu acredito que os outros são melhores que eu e que eu não sou suficiente, nem merecedor, posso-me tornar dependente emocionalmente do outro.
Um dependente poderia ter este pensamento “Como eu não valho nada e não sou merecedor, vou fazer o que ele quer para que ele goste de mim”.
Em resumo, poderíamos enumerar muitos outros distúrbios, tais como os do controle de impulsos, os de personalidade, etc. Podemos perceber facilmente que o denominador comum em todos eles é a falta de amor-próprio, a incapacidade da aceitação. Acima de tudo uma dificuldade de gerir emoções.
Como desenvolver uma boa autoestima
Podemos desenvolver a autoestima pelo treino e aprendizagem. As pessoas que não acreditam em si, foram ensinadas, não de forma consciente, a não acreditar em si. Por isso, é possível ensinar o caminho inverso. No entanto, nem sempre é um caminho fácil, mas é possível na medida de cada caso.
Sabemos que um ambiente saudável, onde são assegurados cuidados pessoais, atendidas as necessidades básicas e emocionais, perante uma atitude de aceitação, de estimulação do desenvolvimento de recursos e promoção de competências, é garantidamente um campo fértil para a construção de uma boa autoestima e de uma auto-imagem positiva.
A psicoterapia cognitiva comportamental é, sem dúvida, um meio para proporcionar o fortalecimento do indivíduo, a melhoria da autoestima e da aceitação, através de ferramentas eficazes.
Sugestões cognitivo comportamentais
Antes de mais aprenda atitudes que a/o ajudem a tornar a sua relação consigo mesmo mais saudável e amorosa:
- Pratique diariamente o auto-elogio;
- Diga NÂO aos pensamentos negativos;
- Faça uma lista dos seus pontos fortes e realizações;
- Seja justo consigo;
- Pare de se comparar com os outros;
- Compreenda e aceite as suas próprias limitações e falhas;
- Liberte-se do perfeccionismo;
- Aceite as coisas que não pode mudar;
- Responsabilize-se pelos seus comportamentos;
- Pratique a gratidão no seu dia a dia;
- Pratique exercício físico;
- Cuide do básico;
- Questione-se sobre as suas atitudes, observe se são para a sua realização pessoal ou para agradar às pessoas que estão à sua volta;
- Comece a tornar-se uma prioridade na sua vida;
- Construa uma rede de apoio (família/amigos);
- Aprenda novas actividades;
- Aprenda com os seus erros.
A hipnose clínica na ampliação da autoestima
A hipnose clínica permite ir à raiz do problema e reprogramar a mente na direcção de uma boa autoestima.
Aspectos importantes a focar na hipnoterapia:
- Livrar-se das programações negativas do passado;
- Melhorar a sua autoprojecção;
- Aumentar a autoconfiança e autoaceitação;
- Modificar a sua perspectiva em relação a determinado problema;
- Trabalhar crenças negativas;
- Ressignificar momentos;
- Observar recursos e talentos para poder ampliá-los;
- Praticar as sugestões do fortalecimento do ego.
Em resumo, na população em geral, sabemos que, há medida que se eleva o nível da autoestima de uma pessoa, diminui a sua necessidade de aprovação pelas outras pessoas e aumenta a autonomia.
Dra. Isabel Rebelo
Psicóloga com abordagem em hipnose clínica integrativa e dinâmica
Áreas de actuação: ansiedade e depressão; emagrecimento, medos, fobias, sono, crianças.
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